quinta-feira, 10 de julho de 2008

13-01-2008 - Cafarnaum
















O sítio da antiga aldeia de pescadores Cafarnaum (em hebraico Kfar Nachum, a Aldeia de Naum) situa-se na costa noroeste do Lago Kineret (o Mar da Galiléia), 2,5 km a nordeste de Tagba e a uns 15 km ao norte de Tiberíades.
O vilarejo é mencionado pela primeira vez no Novo Testamento, onde figura de forma proeminente nas narrativas do Evangelho, como o lugar onde Jesus viveu durante grande parte de seu ministério na Galiléia. Foi aqui, segundo o Novo Testamento, que ele "curou muitos que estavam doentes", e também "expeliu os espíritos" dos endemoninhados.




Vários dos Apóstolos - Simão (chamado Pedro) e seu irmão André; Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João - viviam na aldeia, além de Mateus (Levi, filho de Alfeu), que era coletor de impostos no local.
Há evidência arqueológica de que a aldeia foi estabelecida no início da Dinastia dos Hasmoneus (as moedas mais antigas encontradas no local datam do século II a.E.C.). O vilarejo, próximo à fronteira da província da Galiléia, situava-se num caminho transversal da rota comercial Via Maris. Na época narrada no Evangelho, havia em Cafarnaum um posto alfandegário e uma pequena guarnição romana comandada por um centurião.


A aldeia não participou das duas principais revoltas dos judeus contra Roma, e os escritos judaicos do período identificam Kfar Nachum como uma das quatro localidades que incluíam minim (em hebraico, sectários) entre seus habitantes.

Isto pode ser uma referência a um dos pequenos grupos de judeus-cristãos, que foram excluídos, no final do século I, da participação nos serviços da sinagoga, quando a inclusão da "Bênção referente aos minim" foi acrescentada às "Dezoito Bênçãos" da prece diária.

Após ter sido seriamente danificada no terremoto de 746, a aldeia foi reconstruída a pequena distância, mais ao nordeste (onde se situa a atual Igreja Greco-Ortodoxa), mas pouco se conhece de sua história posterior, seu declínio e eventual abandono durante o século XI. Apesar da importância de Cafarnaum na vida de Jesus, não há indicação de nenhuma construção durante o período dos cruzados. Um viajante do século XIII encontrou apenas as cabanas de sete pescadores pobres.

O sítio foi "redescoberto" em 1838 pelo geógrafo bíblico americano Dr. Edward Robinson. Em 1866, o Capitão Charles W. Wilson, explorador britânico, identificou as ruínas da sinagoga e, em 1894, a Custódia Franciscana da Terra Santa comprou uma parte do antigo sítio. As principais escavações franciscanas realizaram-se entre 1968 e 1984, e as escavações do sítio vizinho, greco-ortodoxo, entre 1978 e 1982. Pesquisas arqueológicas realizadas pelo Studium Biblicum Franciscanum (de Jerusalém), no início do século XX, durante 70 anos, revelaram uma estrutura eclesiástica octogonal, do século V, construída em torno de uma residência mais antiga de um cômodo, que data do século I d.C.. O santuário central octogonal, que circunda uma estrutura de basalto, de paredes construídas sem argamassa, era cercado por um ambulatório semelhante ao da Rotunda do Santo Sepulcro em Jerusalém, e ao santuário islâmico construído posteriormente no Haram es-Sharif (o Monte do Templo). A sala que se encontra dentro do santuário central octogonal parece ter sido parte de uma insula (um conjunto de pequenas salas residenciais de um só pavimento e pátios) que, lá pelo final do século I era de utilização pública, possivelmente como domus ecclesia, isto é, uma casa particular usada como igreja. Nas paredes rebocadas da sala-relicário havia grafites em aramaico, grego, siríaco e latim, contendo as palavras "Jesus", "Senhor", "Cristo" e "Pedro".
Presume-se que a sala-relicário seja a "Casa de Simão, chamado Pedro", à qual se refere a peregrina espanhola, Doña Egéria, que visitou o vilarejo aproximadamente em 381-384, durante sua peregrinação à Terra Santa. Ela descreve com alguns detalhes como a casa do "príncipe dos apóstolos" fora transformada em igreja, com as paredes originais ainda de pé.
Nos meados do século V, esta sala foi encerrada dentro de um edifício octogonal. Esta foi a igreja posteriormente descrita no século VI pelo Peregrino de Piacenza: "A casa de S. Pedro é atualmente uma basílica". Assim como a sinagoga situada nas proximidades, a igreja octogonal foi destruída no início do século VII, provavelmente na época da invasão persa.
A atual igreja franciscana foi construída em 1990, sobre o sítio da Insula Sacra, para preservar os achados arqueológicos e permitir aos visitantes e fiéis a contemplação de seus variados elementos arquitetônicos.
As ruínas da grande sinagoga foram identificadas pela primeira vez em 1866, durante uma pesquisa do cartógrafo britânico Charles W. Wilson. Tendo sido parcialmente reconstruída em 1926, a data de sua construção original continua sendo assunto de debate. O certo é que as imponentes ruínas não são da sinagoga à qual se refere o Evangelho de S. Marcos, embora aparentemente o edifício tenha sido erguido no sítio de uma construção anterior, do século I.
Construída com pedras calcárias brancas importadas, sobre fundações de rocha basáltica, o traçado do chão é semelhante ao da sinagoga em Korazim, do século IV, situada 4km mais ao norte, e ao da sinagoga de Baram (na Galiléia setentrional), que data do século III. A ornamentação arquitetônica da sinagoga de Cafarnaum, porém, é muito mais elaborada, com capitéis coríntios e intrincados trabalhos em relevo lavrados em pedra (folhas de parreira e figueira, desenhos geométricos, águias, etc). Um dos relevos, de uma carroça, talvez represente a Arca da Aliança portátil. Os visitantes ficam às vezes desconcertados pela presença de suásticas na decoração arquitetônica; mas este era um desenho geométrico comum naquele período.
Uma inscrição em aramaico, datando do século IV, numa das colunas quebradas, recorda o nome do doador, "Halfu, filho de Zebida". Estes nomes (Alfeu e Zebedeu) são mencionados no Novo Testamento.
A sinagoga, conforme era em 381, foi descrita pela peregrina espanhola Doña Egéria, que relata que o caminho de acesso à estrutura era através de muitos degraus, e que o edifício fora construído com pedras adornadas.

A própria grandiosidade da sinagoga de Cafarnaum é que contribuiu para a controvérsia a respeito da data exata de sua construção. Várias teorias foram propostas. A evidência de que a sinagoga tenha sido construída no século IV baseia-se em parte das moedas e objetos de cerâmica encontrados sob o piso. Os partidários de data anterior, no século II, argumentam que estes objetos talvez tenham sido deixados durante renovações posteriores, possivelmente após o terremoto de 363. Outra possibilidade é que a sinagoga tenha sido erguida durante o curto reinado do Imperador Juliano, "o Apóstata" (361-363), que corresponde também com a data do terremoto. A sinagoga e a igreja de Cafarnaum foram destruídas no início do século VII (um pouco antes da conquista árabe em 636). Conhecendo-se a permanente tensão existente entre as comunidades cristã e judaica, sugeriu-se que a igreja tenha sido destruída durante a invasão persa de 614 e a sinagoga, 15 anos mais tarde, como ato de retaliação, durante o breve restabelecimento do governo bizantino. Se for assim, é bastante apropriado que um dos primeiros encontros do moderno "diálogo interconfessional" entre cristãos e judeus tenha se realizado na vizinha cidade de Tiberíades, em 1942, durante uma série de debates entre o Rev. George L. B. Sloan, ministro da Igreja da Escócia em Tiberíades, e o escritor e conferencista judeu Dr. Shalom Ben-Chorin
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Cafarnaum, estive aqui!!!

Um comentário:

carina disse...

muito legal! sou fascinada por estes lugares biblicos e vou iniciar a faculdade de historia, quanto de dinheiro vc gastou nesta viajem a cafarnaum? amei o blog!! bj
meu email( cd.schaffer@bol.com.br)